quinta-feira, 30 de abril de 2015

A cafeicultura e a ocupação e organização do espaço do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais

a) A decadência da mineração e a implantação da cafeicultura

Por volta de 1763, teve início a decadência da mineração, devido:

· ao esgotamento dos aluviões* (misturados aos aluviões encontravam-se o ouro e as pedras preciosas);

· à falta de uma tecnologia suficiente para a localização e exploração de jazidas ou filões;

· ao desestímulo decorrente dos impostos elevados cobrados pela coroa portuguesa sobre a produção do ouro.

Aluvião: é um acúmulo de cascalho, areia e argila, carregados e depositados pelos rios.

Com. a decadência da mineração, a região das Minas Gerais tornou-se uma área de repulsão populacional. Boa parte da população migrou em busca de solos mais férteis para a prática da agricultura. Foi assim que muitas pessoas seguiram para a região do atual estado de São Paulo, onde encontraram solos mais favoráveis para exercer a agricultura.

A economia mineira entrava, portanto, numa fase difícil e regredia ao nível de subsistência, como acontecera corn a agroindúsíria açucarara no Nordeste.

Ávido de lucros, Portugal procurava um novo produto que reerguesse a economia da colônia. Esse produto deveria ter bom desempenho no mercado europeu. Continuava-se, assim, apensar numa economia apenas voltada para o mercado externo.

O produto encontrado foi o café, que tinha sido introduzido no Brasil no ano de 1727, trazido da Guiana Francesa (veja a figura 10.4, na próxima página).

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ÁREAS DE DOMÍNIO DO AÇÚCAR, DO GADO, DA MINERAÇÃO E DIREÇÃO GERAL DAS BANDEIRAS PAULISTAS (Sécs. XVI, XVII e XVIII)

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Forte: Adaptado de Raul de Andrade e Silva, A evolução econômica, in Aroldo de Azevedo (org.), Brasil — A terra e o homem.

Muitas cidades de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás tiveram origem em núcleos iniciais de povoamento levados pelos bandeirantes na sua penetração pelo interior do território. É esse o caso de Ouro Preto, Mariana, Sabará, São João dei Rei, Caeté e muitas outras cidades localizadas em Minas Gerais. Apiaí (SP), Antonina (PR), Curitiba (PR), Corumbá de Goiás (GO), Goiás (GO), Jaraguá (GO), Luziânia (GO). Pires do Rio (GO), Cuiabá (MT), Poconé (MT), Nossa Senhora do Livramento (MT) e muitas outras.

No Mato Grosso do Sul, a atividade mineradora não teve grande importância. Corumbá, no Pantanal Mato-grossense, nasceu de uma fortificação militar aí instalada para defender o território. Coxim, em Mato Grosso, teve origem em um pouso de viajante.

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Fig. 10.3— Ouro Preto, antiga Vila Rica. Muitas vilas, depois transformadas em cidades, surgiram da atividade mineradora. Houve, assim, um começo de construção e de organização do espaço das Minas Gerais comandado pela atividade mineradora.

A produção mineral do Brasil nos séculos XVII e XVIII era controlada pela metrópole portuguesa, através de leis e de uma intensa fiscalização.

O ouro extraído era enviado a Portugal. Assim, a riqueza mineral não ficava no Brasil, destinava-se ao reino português, que com ela financiava seu comércio com outras nações, principalmente com a Inglaterra (leia o quadro 10-A).

Se as riquezas minerais tivessem ficado aqui, poderiam ter contribuído para a melhor organização do espaço brasileiro e na criação de melhores condições para a construção da economia brasileira. O Brasil, porém, era colónia de Portugal e interessava à metrópole portuguesa explorar tudo o que a terra e sua gente pudessem oferecer, E foi isso que ocorreu com a mineração.

Quadro 10-A

A dependência de Portugal em relação à Inglaterra influiu em nosso atraso econômico e, consequentemente, na organização do nosso espaço

Você já deve ter estudado, em História do Brasil, que Portugal ficou incorporado à coroa espanhola de 1580 a 1640. Em 1654, os holandeses invadiram o Nordeste do Brasil.

Esses acontecimentos desorganizaram a economia de Portugal, que acabou perdendo o comércio com o Oriente e considerável parcela do mercado consumidor de açúcar.

Diante da grave situação econômica e com receio ainda de perder sua colônia na América, Portugal buscou o apoio da Inglaterra através de vários acordos (1642, 1654, 1661, 1703).

A aliança com a Inglaterra marcou profundamente a vida econômica e política de Portugal e, consequentemente, do Brasil, durante os séculos XVIII e XIX. Através dos acordos, os comerciantes ingleses obtiveram grandes privilégios em Portugal e em suas colônias. Tinham liberdade de comércio com elas, controlavam as taxas cobradas sobre as mercadorias importadas da Inglaterra e podiam residir nas colônias portuguesas.

Além disso, os acordos com a Inglaterra dificultavam a industrialização de Portugal e, consequentemente, do Brasil. Em troca, Portugal e suas colónias recebiam proteção militar da Inglaterra.

A partir desses acordos podemos afirmar que começou a ser traçada a posição anômala (irregular) de Portugal diante da história — a posição, ao mesmo tempo, de metrópole do Brasil e de entreposto comercial da Inglaterra.

Já o Brasil, em consequência, foi absorvido pela Inglaterra. Continuou formalmente como colônia de Portugal, mas sob a dominação dos interesses econômicos ingleses.

Essa dependência custou caro, provocando o atraso de Portugal e de suas colônias. Influiu, consequentemente, na organização do espaço brasileiro.

De que forma isso ocorreu?

Dependente do exterior, a economia brasileira foi comandada pelas necessidades do mercado externo e não segundo os interesses do mercado interno.

A atividade mineradora: um fator de ocupação e organização do espaço do Centro-Sul

Na segunda metade do século XVII, teve início a decadência da agroindústria da cana-de-açúcar do Nordeste. Isso ocorreu em virtude:

· da concorrência no mercado consumidor europeu do açúcar produzido nas Antilhas, pela Holanda, Inglaterra e França;

· da diminuição dos financiamentos holandeses aos produtores de açúcar do Brasil.

Com isso, a produção açucareira do Nordeste diminuiu e a economia nordestina entrou em crise.

Com a descoberta de ouro e pedras preciosas na região das Minas Gerais no final do século XVII, ocorreu uma intensa migração de pessoas do Nordeste, de São Paulo e até mesmo de Portugal para o interior do Brasil. A região das Minas, então, tornou-se a principal área econômica do Brasil no final do século XVII e parte do século XVIII.

Não esqueça que essa área, bem como todo o Brasil, era habitada por povos indígenas; portanto, a. ocupação da área pelos europeus ocorreu conjuntamente com a expulsão e até mesmo com o massacre das populaçôes indígenas.

Essa região passou a ser ponto de atração populacional e seu espaço geográfico começou a ser construído e organizado segundo a nova atividade: surgiram vilas, cidades e caminhos da mineração que, mais tarde, darian origem a estradas.

A mineração provocou, também, o deslocamento do centro político-administrativo da colônia, que passou de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro, mais próximo da área da mineração.

Assim, a atividade mineradora provocou a interiorização do colonizador europeu e seus descendentes, que até então habitavam o litoral.

Também tiveram papel importante na ocupação do interior do território brasileiro os bandeirantes (bandeirismo).

Até a metade do século XVII, ocorreu o bandeirismo apresador, também chamado bandeirismo comercial, que visava aprisionar índios para vendê-los como escravos no Nordeste, que nessa época ainda estava no auge econômico. Esse objetivo levou os bandeirantes a entrarem pelo interior do Brasil.

Depois veio o bandeirismo prospector, que tinha como objetivo descobrir ouro e pedras preciosas no interior do Brasil. Da vila de São Paulo partiam as bandeiras em todas as direções, para o sul, Nordeste, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás etc., conforme você pode observar na figura 10.2.

Centro-Sul

- O Centro-Sul ocupa um terço do território brasileiro e é uma região muito populosa e dinâmica

A região geoeconômica Centro-Sul ou Complexo Regional do Centro-Sul, como também é chamada, abrange quase um terço do território brasileiro. No sentido norte-sul, estende-se desde o sul do estado de Tocantins, norte do estado de Minas Gerais e parte sul do estado de Mato Grosso, até o sul do estado do Rio Grande do Sul

O Centro-Sul abrange o território de onze estados e mais o Distrito Federal, da seguinte forma:

· o território integral de oito estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Goiás) e do Distrito Federal;

· parte do território de três outros estados (o extremo sul do estado de Tocantins, a porção Sul do estado de Mato Grosso e a maior parte do estado de Minas Gerais).

Fig. 10.1 — BRASIL: REGIÕES GEOECONÔMICAS COM DESTAQUE PARA A REGIÃO CENTRO-SUL

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Fonte: Adaptado de IBGE, Alias nacional do Brasil

E bom você recordar, sempre, que o IBGE regionaliza o Brasil em cinco Grandes Regiões para coleta de dados estatísticos: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Você já sabe, também, que podemos sub-regionalizar todos os grandes espaços. Assim, vamos utilizar parte da divisão regional do IBGE para estudarmos a região geoeconôinica Centro-Sul.

A sub-região Centro-Oeste engloba o sul do Mato Grosso e de Tocantins, todo o Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal. A sub-região Sudeste engloba Minas Gerais, exceto o norte do estado, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. A sub-região Sul abrange o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.

Vivem na vasta região do Centro-Sul quase 96 milhões de habitantes. Esse total corresponde a 65 % da população brasileira.

O estado mais populoso do Centro-Sul (e do Brasil) é São Paulo, com 31.546.473 habitantes, segundo o censo de 1991. Isso corresponde a 21% da população total do Brasil e 33% da população do Centro-Sul. Assim, podemos falar que:

· de cada 100 brasileiros, 21 vivem no estado de São Paulo;

· de cada 100 habitantes do Centro-Sul, 33 moram no estado de São Paulo.

De acordo com o censo de 1991, o estado menos populoso do Centro-Sul é o Mato Grosso do Sul, com 1.778.741 habitantes, o que corresponde a 1,2% da população brasileira.

O Centro-Sul é a região geoeconômica mais dinâmica do Brasil:

· concentra a maior parte da produção industrial do Brasil;

· desenvolve uma agropecuária moderna;

· pratica uma agricultura mais desenvolvida e mecanizada;

· é sede das principais empresas financeiras;

· apresenta a maior taxa de urbanização;

· nela se localizam as duas cidades mais populosas do país, São Paulo e Rio de Janeiro;

· nela se situa o centro político e administrativo do país (Brasília) etc.

Embora seja a região geoeconômica mais desenvolvida do país, no Centro-Sul encontramos:

· milhões de brasileiros pobres e miseráveis;

· a maior concentração de favelas e cortiços;

· situação social de fome e desnutrição;

· desemprego e subemprego;

· violência urbana;

· altos índices de poluição ambiental e muitos outros problemas sócio-econômicos e políticos etc.

Atividades Industriais no Nordeste

Costuma-se considerar como a sub-região Meio-Norte toda a área ocupada pelos estados do Maranhão e Piauí. Entretanto, não é todo esse espaço que faz parte do Meio-Norte neste nosso estudo.

A parte centro-oeste do Maranhão integra a Amazônia, possuindo um clima quente e úmido e sua vegetação faz parte da Floresta Amazônica.

A parte centro-leste do Maranhão, mais precisamente a parte que se inicia no vale do Rio Grajaú e vai até o Rio Parnaíba, na divisa dos estados do Maranhão e Piauí, e uma pequena faixa de terras do Piauí é que compõem a sub-região Meio-Norte.

O Meio-Norte constitui uma zona de transição entre o Sertão semi-árido e a Amazônia úmida. É cortado pelos rios Grajaú, Mearim, Itapecuru e Parnaíba, ao longo dos quais formam-se grandes planícies fluviais, aproveitadas principalmente para a cultura do arroz.

Aí predomina uma vegetação denominada mata de transição, porque ela marca a passagem da caatinga (no Sertão) para a Floresta Amazônica.

A mata de transição é formada por palmeiras nativas, destacando-se principalmente o babaçu, sendo por isso também chamada de Mata dos Cocais de Babaçu. Das sementes do fruto dessa palmeira se extrai um óleo de grande aplicação industrial (usado mi fabricação de sabão, cremes para barba, margarinas etc.).

O extrativismo do babaçu é realizado pela população de baixa renda, que não consegue obter da agricultura ou da sua roça a própria subsistência. E, portanto, uma atividade complementar de subsistência.

As principais atividades econômicas do Meio Norte são a agricultura do arroz, o extrativismo vegetal e a agricultura do algodão.

Meio Norte

Costuma-se considerar como a sub-região Meio-Norte toda a área ocupada pelos estados do Maranhão e Piauí. Entretanto, não é todo esse espaço que faz parte do Meio-Norte neste nosso estudo.

A parte centro-oeste do Maranhão integra a Amazônia, possuindo um clima quente e úmido e sua vegetação faz parte da Floresta Amazônica.

A parte centro-leste do Maranhão, mais precisamente a parte que se inicia no vale do Rio Grajaú e vai até o Rio Parnaíba, na divisa dos estados do Maranhão e Piauí, e uma pequena faixa de terras do Piauí é que compõem a sub-região Meio-Norte.

O Meio-Norte constitui uma zona de transição entre o Sertão semi-árido e a Amazônia úmida. É cortado pelos rios Grajaú, Mearim, Itapecuru e Parnaíba, ao longo dos quais formam-se grandes planícies fluviais, aproveitadas principalmente para a cultura do arroz.

Aí predomina uma vegetação denominada mata de transição, porque ela marca a passagem da caatinga (no Sertão) para a Floresta Amazônica.

A mata de transição é formada por palmeiras nativas, destacando-se principalmente o babaçu, sendo por isso também chamada de Mata dos Cocais de Babaçu. Das sementes do fruto dessa palmeira se extrai um óleo de grande aplicação industrial (usado mi fabricação de sabão, cremes para barba, margarinas etc.).

O extrativismo do babaçu é realizado pela população de baixa renda, que não consegue obter da agricultura ou da sua roça a própria subsistência. E, portanto, uma atividade complementar de subsistência.

As principais atividades econômicas do Meio Norte são a agricultura do arroz, o extrativismo vegetal e a agricultura do algodão.

A economia do Sertão: a criação de gado e a lavoura do algodão

As principais atividades econômicas do Sertão são a pecuária e a agricultura do algodão.

Desde o início da implantação da agroindústria da cana-de-açúcar na Zona da Mata, a criação de gado se tornou uma atividade importante para o engenho. Por quê?

Porque o gado, seja bovino ou eqüino, servia como meio de transporte e como força motriz para o trabalho de moagem da cana. Além disso, o gado bovino destinava-se ao fornecimento de carne e leite para a população do engenho e o couro era utilizado para diversas finalidades.

Inicialmente, a criação de gado desenvolveu-se no litoral e nas áreas de agricultura da cana. Mas, com o grande aumento do rebanho, chegou um certo momento em que, devido às constantes invasões do gado nos canaviais para comer as mudas ou a própria cana, tornou-se impossível manter a criação no litoral ou na mesma área de cultivo da cana. Foi quando então, em 1701, o próprio governo português, muito interessado no desenvolvimento da agroindústria da cana-de-açúcar, pois esta lhe fornecia bons lucros, adotou uma medida para tentar resolver a situação. Proibiu a criação de gado nas áreas de agricultura da cana na Zona da Mata. Com isso, a criação de gado deslocou-se para o Agreste.

Posteriormente, com a expansão e o desenvolvimento da policultura no Agreste, a criação de gado deslocou-se ainda mais para o interior do Nordeste, atingindo o Sertão e o vale do Rio São Francisco. Foi a criação de gado, ao lado da mineração, a responsável pelo povoamento do interior do Brasil.

A expansão da criação de gado para o interior do Nordeste se deu a partir de três lugares:

Olinda e Recife, em Pernambuco, e Salvador, na Bahia.

O vale do Rio São Francisco foi a região que ofereceu as melhores condições naturais para a expansão do gado. A criação de gado desenvolveu-se aí de tal maneira que o Rio São Francisco passou a ser chamado de "rio dos currais.

Hoje, as áreas de criação de gado bovino no Nordeste continuam as mesmas do passado. No Sertão se desenvolve principalmente a pecuária de corte, ou seja, a criação de gado que se destina a abastecer de carne a população. No Agreste e na Zona da Mata, a pecuária que se realiza é principalmente a pecuária leiteira, destinada a abastecer de leite e seus derivados (queijo, manteiga etc.) a população.

Quanto à qualidade das raças (isto é, quanto ao aspecto tecnológico), a pecuária nordestina encontra-se mais atrasada, se for comparada à do Centro-Sul.

A atual participação do Nordeste no rebanho de gado bovino do Brasil é de 18 %, ou seja, de cada 100 cabeças de gado bovino, 18 encontram-se na Região Nordeste. Com relação a outros tipos de rebanho.

A agricultura do algodão é realizada no Sertão do Nordeste desde o período colonial. Desenvolveu-se junto com a criação de gado e com a agricultura de subsistência, nas grandes propriedades rurais.

Como já estudamos, os trabalhadores rurais que trabalhavam nos algodoais eram meeiros, isto é, pagavam o proprietário pelo uso da terra com a metade da produção ou com a terça parte (terça). Esse sistema de parceria entre o proprietário da terra e o trabalhador rural é mantido ainda hoje no Nordeste.

As grandes áreas de lavoura de algodão do Sertão localizam-se no semi-árido do Ceará e do Rio Grande do Norte. Aí é produzido um algodão de fibra longa e resistente (nas variedades denominadas mocó e seridó), muito procurado pela indústria de tecidos. Esses dois estados lideram a produção de algodão do Sertão nordestino.

Sertão Aspectos Naturais

Como vimos, o Sertão constitui a terceira sub-região do Nordeste, no sentido do litoral para o interior. E urna área sujeita a secas periódicas, que vêm ocorrendo desde o período colonial (século XVI), conforme se sabe. Admite-se que, do século XVI até 1984, ocorreram 43 secas. A duração de cada seca é variável. Urnas duram um ano, outras dois, três ou mais anos. A última grande seca durou cinco anos - de 1979 a 1984 - e foi prevista pelo Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA), localizado em São José dos Campos (SP); no entanto, nada foi feito pelos governos para amenizar a situação. No século XVIII, registrou-se uma seca que durou seis anos.

No Sertão predomina o clima tropical semi-árido, que tem as seguintes características:

1. Quanto à temperatura: médias de temperaturas anuais elevadas, geralmente superiores a 25°C; em alguns pontos, as médias de temperatura anuais são superiores a 32°C.

Foi no Sertão que já se registrou a maior temperatura média mensal do Brasil, 28,9°C, no mês de dezembro, na cidade de Sobral, no estado do Ceará.

2. Quanto à umidade: chuvas escassas e irregulares. Quando as chuvas não ocorrem regularmente nos meses esperados é que ocorrem os períodos de seca, que podem se prolongar por dois, três ou mais anos, como já vimos. De modo geral, as chuvas anuais são inferiores a 1.000 mm e, numa grande área do Sertão, chegam a ser inferiores a 750 mm. A menor média anual de chuvas no Brasil é registrada no Sertão da Paraíba, em Cabaceiras, com apenas 278,1 mm anuais.

A economia: produção de gêneros de subsistência para a Zona da Mata

Você já sabe que, no período colonial, o Agreste era uma zona de policultura (cultura de vários produtos) e de criação de gado. E, desde o início de sua ocupação pelos europeus, o Agreste assumiu, dentro da divisão territorial da produção, a função de fornecedor de gêneros de subsistência (alimentos) para a Zona da Mata.

Ainda hoje, o Agreste mantém essa função. Continua sendo uma zona de policultura, onde se destaca a produção de milho, arroz, feijão, mandioca, algodão, café, frutas tropicais, como a laranja, e o agave (planta da qual se extrai o sisal, que é uma fibra vegetal utilizada na fabricação de cordas, bolsas, tapetes, sacos etc.). Continua sendo também uma zona de criação de gado, que abastece de leite e derivados (manteiga, queijo etc.) as cidades da Zona da Mata.

Quanto ao tamanho (dimensão) das propriedades rurais (estrutura fundiária), no Agreste predominam hoje as pequenas e médias propriedades rurais e os minifúndios.

Essas pequenas propriedades e minifúndios resultam das várias divisões que os latifúndios foram sofrendo no decorrer do tempo, principalmente por causa de heranças, ou seja, morrendo o pai, os filhos podiam continuar juntos trabalhando a terra ou dividi-Ia em partes, cabendo a cada filho uma parte. A segunda forma ocorreu mais comumente, produzindo no Agreste essa estrutura fundiária de minifúndios, ao lado de pequenas e médias propriedades rurais.

Além de abastecer a Zona da Mata com gêneros alimentício· agrícolas, leite e derivados, o Agreste lhe fornece também mão-de-obra.

Quando chega a época do corte de cana-de-açúcar (período de safra na Zona da Mata, muitos trabalhadores do Agreste deixam seus minifúndios e para lá se dirigem, empregando-se como trabalhadores temporários, diaristas ou bóias frias nas usinas de cana-de-açúcar. Nos minifúndios ficam a esposa e os filhos menores de idade, cuidando da escassa produção.

Se a dimensão da propriedade fosse suficiente para assegurar a subsistência e um certo progresso social e econômico ao minifundiário e à sua família, provavelmente ele não migraria para a Zona da Mata; ficaria trabalhando na sua propriedade.

No Agreste encontram-se algumas cidades importantes: Campina Grande, no estado da Paraíba; Caruaru e Garanhuns, no estado de Per­nambuco; e Feira de Santana, no estado da Bahia.

Nessas cidades, a vida comercial é mais ativa, com um setor de serviços mais desenvolvido (escolas, faculdades, hospitais, linhas de ônibus estaduais e interestaduais, aeroporto etc.) do que em outras cidades. São verdadeiros centros regionais, atraindo migrantes de vários lugares, principalmente do Sertão.

Agreste, o Sertão e o Meio-Norte: aspectos naturais e a economia.

O Agreste ocupa uma estreita faixa de terras compreendida entre o litoral e o Sertão. Encontra-se numa zona de transição climática: entre o clima quente e úmido (litorâneo úmido) da Zona da Mata e o clima quente e seco (tropical semi-árido) do Sertão.

Na porção leste do Agreste, por ser mais próxima da Zona da Mata (clima úmido), a quantidade de chuva anual é bem maior que a da porção oeste, mais próxima do Sertão (clima semi-árido). Nas áreas mais úmidas do Agreste, a vegetação original era semelhante à da Mata Atlântica. Nas áreas mais secas, a vegetação é semelhante à da caatinga, que é a vegetação que recobre o Sertão.

Os planaltos elevados do Agreste, como o Planalto da Borborema, formam verdadeiras barreiras para a penetração de massas de ar oceânicas, que são carregadas de umidade. Os "paredões" ou encostas dos planaltos voltadas para o Oceano Atlântico provocam a ascensão (subida) das massas de ar úmidas vindas do oceano. A temperatura do ar atmosférico, que é menor em altitude maior, provoca a condensação* do vapor de água transportado pela massa de ar, podendo ocasionar chuva . Assim, na porção leste do Agreste, próxima da Zona da Mata, chove mais que na sua porção oeste, próxima do Sertão.

Quando as massas de ar conseguem ultrapassar essas barreiras do relevo e penetram em direção ao interior, já são massas de ar secas (com pouca umidade). Esta é uma das causas da ocorrência da pouca chuva, o que provoca a seca no Sertão nordestino.

Quando os "paredões" ou encostas do planalto formam gargantas ou vales na direção do oceano, as massas de ar penetram por esses vales e chegam a atingir áreas situadas no interior do Sertão. As gargantas ou vales constituem, portanto, verdadeiros "corredores" que permitem a penetração das massas de ar úmidas em certas áreas do Sertão. Formam-se, então, os chamados brejos ou pés de serra, que constituem áreas de grande contraste dentro do Sertão. Enquanto a vegetação de caatinga encontra-se seca e acinzentada (por falta de chuva), a vegetação dos brejos está verde (por causa das chuvas que aí caem). Por isso, essas são terras bastante valorizadas no conjunto das terras do Sertão. São verdadeiros "oásis" que permitem a prática da agricultura. Um dos brejos mais importantes é o de Cariri, no estado do Ceará, onde se situa a cidade de Juazeiro do Norte.

domingo, 12 de abril de 2015

Genocídio armênio

fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/genocidio-armenio-434250.shtml

Você já ouviu essa história? Há mais de 90 anos, o povo armênio quase foi exterminado pelos turcos. E, até hoje, luta pelo reconhecimento internacional do massacre, que vitimou 1,5 milhão de pessoas

Yuri Vasconcelos | 15/04/2013 15h57

Era 24 de abril de 1915. Na manhã daquele Sábado de Aleluia, em meio às comemorações da Páscoa cristã, cerca de 600 intelectuais, políticos e religiosos da comunidade armênia que viviam no então Império Turco-Otomano, atual Turquia, foram presos sob a acusação de conspiração e traição. Com a Primeira Guerra Mundial incendiando o planeta, os turcos, aliados dos alemães, lutavam contra a Tríplice Entente, formada pela Inglaterra, França e Rússia, e acusaram os armênios de apoiar as tropas inimigas. Enviados para a prisão de Mehder-Hané, na capital Constantinopla, hoje Istambul, os líderes armênios acabaram sumariamente executados. Muitos foram fuzilados e outros enforcados em praça pública. A ação, coordenada pela cúpula do partido governista Ittihad, conhecido como partido dos Jovens Turcos, deu início a uma das piores atrocidades da história da humanidade: o genocídio armênio, um sangrento massacre em que morreram cerca de 1,5 milhão de pessoas. Estima-se que, naquela época, o Império Otomano abrigava por volta de 2 milhões de armênios.

Passados mais de 90 anos da tragédia, muitos historiadores acreditam que o genocídio fez parte de um processo de limpeza étnica, com a intenção de eliminar o povo armênio. Ou seja, uma versão turca do Holocausto, que matou, segundo estimativas, entre 2 e 5 milhões de judeus. Os assassinatos foram meticulosamente planejados por um triunvirato que estava no comando do país, formado por Mehmet Talaat, ministro do Interior e futuro primeiro-ministro turco, Ismail Enver, ministro da Guerra, e Ahmed Jemal, ministro da Marinha. Uma série de telegramas, tornados públicos depois da matança, revelavam detalhes do plano de extermínio. A estratégia era diversificada, mas a maior parte das vítimas morreu durante longas e penosas jornadas de deportação que tinham como destino o deserto de Der-El-Zor, localizado no território sírio, naquela época parte do Império Otomano. "Os turcos alegavam que os armênios precisavam deixar suas casas por causa do avanço das tropas da Entente e organizavam caravanas de morte, formadas por mulheres, crianças e idosos. Muitos levavam a chave de casa, achando que iriam voltar", diz o professor de geopolítica James Onnig Tamdjian, de 39 anos, neto de armênios que sobreviveram ao genocídio. "No meio do caminho, os armênios sofriam abusos. As mulheres eram violentadas, seus filhos raptados e a maioria morria de fome, sede, doença ou frio. Os poucos que chegavam aos campos de concentração tinham poucas chances de sobreviver."

Já os homens morriam assassinados no front de batalha da Primeira Guerra. Se antes eles não podiam nem integrar as forças armadas turcas, agora haviam sido convocados para se alistar no Exército. Só que não podiam pegar em armas. "Enquanto cavavam trincheiras, eram executados pelos próprios soldados otomanos. A convocação para o serviço militar foi um pretexto para deixar as aldeias desprotegidas", afirma Tamdjian. Há relatos também de vilas e povoados destruídos, saqueados e incendiados pelas forças turcas e por milícias apoiadas pelo governo central. E as atrocidades não paravam por aí. "Muitos armênios foram queimados vivos nas aldeias. Outras vezes, a tortura consistia em enterrar a vítima até o pescoço para, logo em seguida, cobrir o rosto com cal virgem ou sal. As jovens armênias eram vendidas como escravas e as crianças eram encaixotadas vivas e atiradas no Mar Negro", relata Nubar Kerimian, no livro Massacres de Armênios. "Os padres também eram queimados amarrados em cruzes, como Jesus, e os fetos, arrancados dos ventres das mães, jogados para o ar e aparados na espada."

O genocídio atingiu mais fortemente as comunidades campesinas e de pequenas localidades da Anatólia, a região montanhosa que compreende a porção asiática da Turquia moderna. Naquela época, a Armênia Oriental, atual território da República da Armênia, era protegida pelos russos, inimigos declarados dos turcos. Nas grandes cidades do Oeste, como Constantinopla, a presença de estrangeiros inibia os massacres, já que o governo otomano tentava esconder da comunidade internacional as atrocidades perpetradas dentro de suas fronteiras. Mesmo assim, as notícias sobre os massacres acabaram vazando e chegaram ao conhecimento de governantes de outros países, que condenaram a ação, mas não tomaram medidas para evitar a matança.

O período mais duro do genocídio ocorreu entre 1915 e 1918. Quando a Primeira Guerra Mundial chegou ao fim, os turcos, derrotados, foram forçados a assinar o Tratado de Sèvres, que tornou independente Síria, Egito, Líbano, Palestina e, também, Armênia. As escaramuças entre turcos e o povo armênio, no entanto, haviam começado bem antes daquele sábado da Semana Santa. Entre 1894 e 1896, quando o Império Otomano encontrava-se em franca desintegração, estima-se que entre 100 mil e 300 mil armênios tenham sido executados. "Em muitas cidades, propriedades armênias eram destruídas. Os assassinatos aconteciam durante o dia, presenciados pela população", diz o historiador Edwin Bliss, autor do livro Turkey and the Armenian Atrocities (A Turquia e as Atrocidades Armênias, inédito no Brasil).

A justificativa para esses massacres, ordenados pelo sultão Abdul-Hamid II, foi uma suposta colaboração armênia com os russos, considerados inimigos do Império. Entre 1877 e 1878, a Rússia entrou em guerra contra os turcos e saiu vitoriosa, conquistando largas porções da Armênia Ocidental que estavam sob domínio otomano. Além disso, as autoridades turcas queriam frear o ímpeto separatista dos armênios, que reivindicavam a independência. No final dos anos 1880, o movimento nacionalista ganhou forças e três partidos revolucionários (Armenakan, Hentchakuian e Federação Revolucionária Armênia) foram formados, fazendo com que Abdul-Hamid II, em represália, elevasse os impostos sobre a comunidade armênia. "O que fez com que os armênios apoiassem os russos foram as péssimas condições em que viviam no Império, onde eram alvos de agressões e tinham direitos limitados. Esse cenário fez com que eles se armassem e formassem milícias para defender suas vilas e aldeias", afirma James Tamdjian.

A terceira e última fase das atrocidades começou em 1920 e estendeu-se por três anos. Depois de desfrutar dois anos de independência (entre 1918 e 1920), a República da Armênia havia sido anexada à nascente União Soviética. Desta vez, a violência foi dirigida a armênios que haviam retornado às suas casas na Anatólia Oriental após o final da Primeira Guerra Mundial. As execuções, torturas, expulsões e maus-tratos foram arquitetados e promovidos pelo governo nacionalista de Mustafá Kemal Atatürk, considerado o pai da Turquia moderna. Em 1923, a população armênia na Turquia estava restrita à comunidade existente em Constantinopla.

Embora os armênios tenham sido trucidados pelos turcos, é importante dizer que durante muito tempo esses dois povos viveram em harmonia. A porção de terra conhecida como Armênia Histórica, que hoje engloba a República da Armênia e parte da Anatólia (veja mapa na página ao lado), foi conquistada pelo Império Otomano por volta do ano 1375. Durante 600 anos, os turco-otomanos formaram um dos mais poderosos impérios do planeta, que, no seu auge, se estendia pelo norte da África (Argélia, Marrocos, Egito), Oriente Médio (Líbano, Arábia Saudita, Jordânia, Síria, Palestina, Pérsia), Rússia e Europa (Grécia, Hungria, Bulgária, Albânia e a região dos Bálcãs, entre outras). Para manter a unidade e o bom funcionamento do império, parecido com uma colcha de retalhos, tamanho era o número de povos e etnias que abrigava, os governantes adotaram um tolerante sistema chamado de millet, termo turco que quer dizer "comunidade religiosa".

"Cada comunidade religiosa, como a formada pelos cristãos e pelos judeus, gozava de autonomia e funcionava como uma nação não-territorial, participando das trocas econômicas com outras comunidades. Seu líder espiritual era responsável perante ao sultão pelo bom comportamento dos seus", diz o historiador holandês Peter Demant, autor de O Mundo Muçulmano. Os armênios, que desde o século 3 adotavam a religião cristã, formavam um millet. Eles eram considerados bons comerciantes e alguns integravam a elite do Império.

Então, que motivos levaram o governo otomano a tanta violência contra uma minoria que vivia em harmonia dentro do Império? A primeira justificativa foram as aspirações pan-turquistas (ou pan-turanistas), o sonho otomano de reconstruir uma poderosa nação integrando os povos de origem turca que viviam espalhados na Ásia Central, especialmente em regiões do Turcomenistão e Azerbaidjão. Os armênios, por sua posição geográfica, formavam um enclave bem no meio do caminho. Outra motivação para o genocídio, negada pela Turquia (veja quadro na página 38), foi a causa da independência armênia. Há de se ressaltar que, nesta época, o império já enfrentava a desintegração. Os gregos, por exemplo, já haviam conquistado sua autonomia em 1812. "Os turcos temiam os armênios por sua capacidade intelectual e comercial. Cerca de 60% da atividade econômica do Império estava nas mãos dessa comunidade", diz o historiador Hagop Kechichian, doutor em história armênia pela Universidade de São Paulo (USP).

Além de causar a morte de milhões de pessoas e quase exterminar um povo, o genocídio também provocou uma grande diáspora. Hoje, além da população de 3,5 milhões de pessoas da República da Armênia, estima-se que cerca de 2,6 milhões de armênios e descendentes vivam na Federação Russa e na República da Geórgia e pouco mais de 2,5 milhões estejam espalhados pelo resto do mundo, principalmente nos Estados Unidos, Canadá, França, Irã, Argentina, Líbano, Síria e Austrália. No Brasil, a comunidade armênia tem em torno de 60 a 70 mil pessoas. Não importa onde estejam, a luta dos armênios hoje é uma só: o reconhecimento do genocídio pelo mundo.

"Minha família viveu na Armênia Ocidental e fez parte das caravanas de deportados. Meu bisavô materno, antes de escapar para a Síria, presenciou o fuzilamento de três irmãos e do pai. Sua mãe cometeu suicídio. Eles começaram a chegar na América do Sul em 1923. Nós perdemos tudo e tivemos de recomeçar do zero."

Garbis Bogiatzian, 23 anos, nascido em São Paulo

"Minha irmã mais velha morreu de frio durante a fuga da minha famíla para o Líbano. Lembro-me de meus pais contando histórias terríveis, de pessoas sendo degoladas e de mulheres grávidas apunhaladas por policiais turcos que arrancavam seus filhos do ventre. Me recordo de um episódio em que, tentando escapar, alguns conterrâneos entraram numa igreja e foram barbaramente incendiados."

Arusiak Nersissian, 78 anos, nascida em Beirute, Líbano

"Durante o genocídio, meu pai foi separado dos meus avós e enviado para um orfanato. Lá, sofreu abusos. Quando ficou mais velho, fugiu para a Romênia. Depois, para o Líbano. No Brasil, chegou no final dos anos 20. Ele não falava a língua e não conhecia ninguém. Integro o Conselho Nacional Armênio, entidade internacional que luta pelo reconhecimento das atrocidades contra meu povo."

Simão Kerimian, 59 anos, nascido em Bela Vista (MS)

Versão turca
A Turquia admite que houve uma "terrível mortalidade" entre os armênios, mas nega o genocídio

No mesmo momento em que se esforça para ingressar na União Européia, a Turquia sofre pressão para reconhecer as atrocidades cometidas contra o povo armênio. Passados 90 anos da tragédia, o genocídio só é reconhecido pela França, Austrália, Argentina, Suécia, Itália, Chipre, Grécia e Uruguai e por organizações internacionais como o Parlamento Europeu, a Comissão de Direitos Humanos da ONU e o Conselho Ecumênico das Igrejas. Os armênios, no entanto, não contam com o apoio oficial dos Estados Unidos, que têm na Turquia o seu mais forte aliado no mundo muçulmano. O país desempenha um relevante papel no xadrez político global e abriga bases da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O governo turco nega que tenha ocorrido um genocídio, apesar de reconhecer que "os armênios sofreram, sim, uma terrível mortalidade", e afirma que agiu para garantir a soberania nacional. O país diz ainda que o número de mortos alegados pelos historiadores é exagerado. "Estudos demográficos provam que antes da Primeira Guerr Mundial menos de 1,5 milhão de armênios viviam em todo Império Otomano. Portanto, alegações de que mais do que 1,5 milhão de armênios da Anatólia Oriental morreram só podem ser falsas", afirma o Ministério das Relações Exteriores da Turquia. "Se por um lado, existe um imenso e profundo volume de conhecimento sobre o holocausto, por outro, grande parte da história do crepúsculo do Império Otomano ainda não foi contada, faltando detalhamento para que conclusões possam ser tiradas sobre o que realmente aconteceu."

O mapa da morte
A carnificina espalhou-se pelo Império Otomano

Monte ararat

O símbolo nacional dos armênios, local em que os cristãos acreditam ter ancorado a arca de Noé depois do dilúvio, fica agora em território turco. Da capital armênia Yerevan, onde moram 1,2 milhão de pessoas, é possível avistá-lo.

Rota da morte

O destino final das deportações era o deserto de Der-El-Zor, hoje Síria e na época parte do Império Otomano. Estima-se que dos 500 mil armênios deportados, apenas 90 mil tenham sobrevivido.

Cerco de Van

Era uma das mais prósperas cidades armênias no início do século passado. Foi cercada pelas tropas turcas e acredita-se que mais de 50 mil pessoas tenham sido mortas ali. O episódio é retratado no filme Ararat, do cineasta Atom Egoyan, canadense de origem armênia.

Saiba mais

Livro

Massacre de Armênios, Nubar Kerimian, Igreja Apostólica Armênia do Brasil, 1988 - Traz fotos do genocídio e o depoimento de Naim Bei, turco que participou diretamente do massacre.

Sites

www.armenian-genocide.org - Mapas, dicas de leitura e um esclarecedor FAQ (Frequently Asked Questions) sobre o genocídio.

www.armenia.com.br/hayk.htm#osa - Apanhado histórico dos armênios até a atualidade.

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