segunda-feira, 23 de março de 2015

Rússia ameaça Dinamarca com ataque de mísseis nucleares

Fonte: http://observador.pt/2015/03/23/russia-ameaca-dinamarca-ataque-misseis-nucleares/

O embaixador russo na Dinamarca, Mikhail Vanin, afirmou este sábado num artigo de opinião publicado no jornal dinamarquês Jyllands-Posten, que “acredita que os dinamarqueses não compreenderam totalmente as consequências de a Dinamarca se juntar à aliança liderada pela América e integrar os dispositivos do escudo antimíssil”, referindo-se à NATO. Acrescentou que, “se o fizerem, então os navios de guerra dinamarqueses vão ser alvos de mísseis nucleares russos”, relata o jornal britânico The Telegraph.

“A Dinamarca passaria a fazer parte da ameaça contra a Rússia. Será menos pacífica e as relações com a Rússia irão sofrer com isso. Esta é, obviamente, uma decisão vossa – só tenciono relembrar-vos que as vossas finanças e segurança irão ficar a perder. Simultaneamente, a Rússia tem mísseis que são certamente capazes de perfurar o futuro sistema de defesa antimíssil global”, garante Vanin.

Martin Lidegaard, ministro dinamarquês dos Negócios Estrangeiros, reagiu aos comentários do embaixador, classificando-os como “inaceitáveis”.

“Se foi realmente isso que [Mikhail Vanin] disse, então é inaceitável. A Rússia sabe perfeitamente que o sistema de defesa de mísseis da NATO é apenas defensivo e não é dirigido à Rússia”, afirmou Lidegaard. “Apesar de discordarmos da Rússia em várias questões importantes, também cooperamos com ela” e é importante que o tom das conversações não se “agrave”.

As declarações do embaixador russo na Dinamarca, Mikhail Vanin, foram feitas pouco tempo depois de a Dinamarca ter publicado detalhes de invasões no seu espaço aéreo por aviões russos, que duplicaram desde 2012. Os aviões russos têm o hábito de desligar os seus identificadores ao se aproximarem do Báltico Ocidental, numa manobra classificada como perigosa para o tráfego aéreo civil e que visa impedir que os aviões sejam identificados, afirma a mesma fonte.

Em agosto de 2014, a Dinamarca anunciou que se iria juntar ao sistema de defesa antimíssil da NATO com o objetivo de se proteger de organizações terroristas e outras organizações que tenham capacidade de disparar mísseis contra a Europa e os Estados Unidos, afirmou Martin Lidegaard.

O argumento do embaixador russo, Vanin, e que a Rússia sente que a NATO está a ameaçar as suas fronteiras:

“Não consigo imaginar uma nova Guerra Fria, mas há quem sinta que a NATO está a mover-se progressivamente para mais perto das fronteiras russas e a reforçar a sua posição. Isso cria insegurança na Rússia”, argumentou, de acordo com a transcrição do The Telegraph.

A Alemanha, Polónia, Lituânia, Letónia, Estónia, Finlândia, Suécia e Dinamarca são os países que, para além da Rússia, rodeiam o Mar Báltico. Seis deles pertencem à NATO. Alguns dos países da ex-União Soviética no Báltico, como a Lituânia e a Estónia, agora pertencentes à União Europeia e à NATO, têm mostrado desconforto com a sua situação em relação à Rússia. Tal deve-se sobretudo a terem uma vasta proporção da população que é de origem russa.

domingo, 15 de março de 2015

Eras Geológicas e a Evolução da Terra.

Fonte: http://www.novaera-alvorecer.net/eras_geologicas.htm
Eras Geológicas e a Evolução da Terra.

Por Profª. Jeana Andrea

Todos sabemos que para tudo há uma evolução e isso, independente de ser boa ou má, faz parte do processo do nosso planeta que já passou por diversas Eras até chegar ao padrão em que se encontra. Essas Eras tiveram tanto a interferência do homem quanto  a interferência inerente da natureza.

A Geologia é a ciência que estuda a Terra e sua estrutura, sua idade e continuas transformações pelo tempo, bem como dos materiais orgânicos que a constituem.

As Eras Geológicas correspondem a grandes intervalos de tempo divididos em períodos que, por sua vez, são subdivididos em épocas e idades. Cada uma dessas subdivisões corresponde a algumas importantes alterações ocorridas na evolução de nosso Planeta. 

Era Pré-Câmbriana

Intervalo de tempo correspondente a 80% da história geológica da Terra. Iniciado há cerca de quatro bilhões e seis milhões de anos e encerrado há 570 milhões de anos. Divide-se em dois períodos: o Arcaico e o Proterozóico.

Período Arcaico: o planeta tinha uma atmosfera rica em CO2 e uma temperatura de superfície de cerca de 1.000o C. Aos poucos e poucos a crosta endureceu e formaram-se os oceanos. Nesse Período ocorreu uma chuva de meteoros que terminou há 4 bilhões de anos e o surgimento de vida aquática na Terra, surgiu por volta de 3,85 bilhões de anos atrás. Os organismos eram organismos unicelulares, sem membrana nuclear – procariontes –, capazes de sobreviver aos altos níveis de radiação solar existentes na atmosfera sem oxigénio e sem camada do ozono.

Até aos nossos dias, os fósseis mais antigos encontrados na Terra - achados no Arizona (EUA) – tinham 1,2 bilhões de anos. Mas, a vida evoluiu, deixando o meio aquático e passando para o meio terrestre talvez há 2,6 bilhões de anos. Para chegar a essa conclusão, Yumiko Watanabe, por meio de uma série de métodos geoquímicos, encontrou um tipo de solo, datado de 2,6 a 2,7 bilhões de anos, contendo carbono orgânico. A pesquisadora afirma que o carbono orgânico representa restos de microrganismos que se desenvolveram sobre o solo. Isso aponta para a possibilidade do desenvolvimento de uma atmosfera rica em oxigénio anterior a essa data. “O desenvolvimento da camada de ozono, que protege a vida na Terra das radiações cósmicas, requer uma atmosfera rica em oxigénio. Isso significa que essa camada tem que ter surgido há mais de 2,6 bilhões de anos”, afirma Hiroshi Ohmoto, outro autor do estudo e diretor do Centro de Pesquisa em Astrobiologia. O surgimento da camada de ozono marca o início da diminuição da temperatura terrestre.

Período Proterozóico: situado entre 2,5 bilhões e 570 milhões de anos atrás. Aos organismos unicelulares do Arcaico sucederam-se, no Proterozóico, os organismos eram unicelulares ou não possuidores de membrana nuclear – eucariontes – que, para seu crescimento, usavam o oxigénio existente na atmosfera, cada vez em maior quantidade. Formas de vida simples e invertebradas começaram a aparecer no fim da Era Pré – Câmbrica seguindo-se de organismos pluricelulares com células diferenciadas em tecidos e órgãos – metazoários.

Sabe-se que há aproximadamente 800 milhões de anos, quando na Terra existia apenas um imenso continente, ocupando todo o pólo sul do planeta, a Rodínia, o planeta começou a congelar, de forma que entre 730 e 630 milhões de anos atrás a Terra virou uma “bola de neve”, com uma capa de gelo que chegava a 5 quilómetros de espessura (-110oC). O fenómeno quase acabou com todos os seres pluricelulares simples que tinham acabado de surgir no planeta, sobrevivendo apenas os que habitavam numa delgada faixa de mar na linha do Equador, que teria permanecido a 10º C. Após esse período emergiram continentes e formaram-se cinturões orogénicos à margem e entre os blocos continentais.

O bombardeio cósmico voltou na Era Paleozóica, entre 500 e 400 milhões de anos atrás, correspondendo à chamada explosão câmbrica. Diversas criaturas pluricelulares complexas, como os metazoários, desenvolveram-se principalmente nos mares, evoluindo para os peixes, anfíbios e répteis, e, posteriormente, “deram lugar” aos primatas e à espécie humana. Invertebrados ancestrais dos aracnídeos e insectos também Multiplicaram. O Eon Fanerozóico divide-se em três eras, sendo elas a Era Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica.

Era Paleozóica

Intervalo de tempo que se estende de 570 a 245 milhões de anos atrás, quando surgiram na Terra os primeiros peixes, plantas, animais terrestres e anfíbios. Divide-se em seis períodos.

Período Câmbrico: teve início há cerca de 570 milhões de anos e durou cerca de 70 milhões de anos. Sem grandes perturbações tectónicas, o Câmbrico apresenta, nas suas rochas mais antigas, um grande número de fósseis com partes duras e já com certo grau de evolução. Caracterizou-se por uma explosão evolutiva da vida marinha.

Período Ordovícico: iniciou-se há cerca de 505 milhões de anos e teve duração de quase 70 milhões de anos. A vida era essencialmente marinha: nessa época surgiram os peixes, ao que tudo indica, nas águas doces. As únicas plantas conhecidas do Ordovícico  são as algas marinhas. Uma glaciação matou 55% das espécies há 450 milhões de anos.

Período Silúrico: intervalo de tempo geológico iniciado há cerca de 438 milhões de anos e que durou cerca de 30 milhões de anos, caracterizado pelo surgimento das plantas terrestres.

Período Devónico: teve início há 408 milhões de anos e durou até cerca de 48 milhões. A fisionomia da Terra era substancialmente diferente da atual, pois havia um gigantesco continente que se localizava no hemisfério sul e outras porções de terra que se encontravam nas regiões equatoriais. A Sibéria estava separada da Europa por um oceano. Durante o período, houve a colisão dos continentes europeu e norte-americano, e muitas regiões sofreram intenso vulcanismo e movimentos sísmicos. A evolução dos animais aquáticos no período valeu-lhe também o nome de idade dos peixes. A vegetação, modesta no início do período, desenvolveu-se gradualmente e foram aparecendo no Devónico médio, as primeiras florestas. No final do Devónico, grande número de invertebrados marinhos desapareceu sem que se conheça o motivo. A flora do período é, no entanto, relativamente pobre em comparação com a do Período Carbónico.

Período Carbónico: com início há cerca de 360 milhões de anos e duração estimada de 75 milhões de anos. Nesse período os primeiros répteis surgiram e formaram-se grandes florestas em que predominavam os gigantescos grupos de plantas caracterizadas por estarem diferenciadas em raiz, caule e folhas e não se reproduzirem por sementes como também os pântanos, que chegavam a cerca de 30 metros de altura, das quais derivaram espessas camadas de carvão.

Período Pérmico: começou há cerca de 285 milhões de anos e durou cerca de 40 milhões de anos. Através de vários estudos realizados por diferentes instituições e Universidades, conseguiu-se ter provas de que uma extinção maciça aconteceu na Terra entre o Pérmico e o Triásico (transição ocorrida há 250 milhões de anos), eliminando 90% das criaturas marinhas, 70% das espécies vertebradas terrestres e quase todas as formas vegetais, extinção essa causada pelo impacto de um corpo celeste. O choque teria desencadeado uma longa série de erupções vulcânicas, que também teriam contribuído para essa destruição em escala planetária. Grandes movimentos orogénicos resultaram, então, na formação de importantes cadeias de montanhas, inclusive os Apalaches, no leste dos Estados Unidos.

Era Mesozóica

Segunda das três principais eras geológicas da Terra. Ocorrida de 245 a 66,4 milhões de anos atrás, abrangeu os períodos Triásico, Jurássico e Cretáceo.

Entre 230 e 65 milhões de anos atrás, reinaram na Terra os dinossauros, quando então uma grande calamidade astronómica, no Golfo do México, matou-os de uma vez, sobrando apenas as tartarugas, os crocodilos e os mamíferos. Embora a extinção de 250 milhões de anos atrás tenha sido mais violenta que a dos dinossauros, acredita-se que o asteroide ou cometa tivesse as mesmas proporções nos dois casos: em torno de 10 km de diâmetro. Ao longo de aproximadamente 180 milhões de anos, durante a era Mesozoica, a Terra assistiu ao surgimento dos ancestrais das principais espécies de plantas e animais que existem atualmente.

Segundo teoria do geólogo Alfred Lothar Wegener (1.880-1.930), delineada no início do século XX, há 200 milhões de anos houve a separação da Pangeia – única massa de terra existente até agora – em dois super continentes, Gonduana, ao sul, e Laurásia, ao norte, que deram origem às atuais massas continentais. Essa época registou a evolução de uma flora e de uma fauna bem diversa das que se haviam desenvolvido durante a era Paleozoica e das que surgiriam depois na Cenozoica.

Em meados da era Mesozoica, a Laurásia, que incluía a maior parte da América do Norte e da Eurásia, separou-se totalmente de Gonduana pelo mar de Tétis, no hemisfério sul. Durante o Jurássico, a América do Norte começou a afastar-se dos dois super continentes. No final do Jurássico, a África já tinha começado a separar-se da América do Sul, e a Austrália e a Antárctica já estavam desligadas da Índia

Período Triásico: iniciou-se há cerca de 245 milhões de anos e durou quase 40 milhões de anos. Presentes na Terra desde o período Carbónico, os répteis só dominaram os continentes a partir do Triásico, quando a falta de competição provocou uma evolução explosiva da classe. No período surgiram os primeiros dinossauros, de início pequenos e bípedes.

Período Jurássico: iniciado há cerca de 208 milhões de anos. Havia na Terra imensas regiões pantanosas e outras desérticas. Na fauna, predominavam os répteis, entre os quais a espécie mais numerosa era a dos dinossauros.

Período Cretáceo: iniciado há cerca de 144 milhões de anos, durou cerca de 77,6 milhões de anos. As rochas cretáceas são de extrema importância para o homem, pois nelas concentra-se grande parte das reservas de petróleo, bem como extensas jazidas de carvão e de outros minerais. O Cretáceo caracteriza-se pela fauna de dinossauros bizarros, tartarugas e crocodilos, répteis voadores, mamíferos como os marsupiais e primatas e os insetívoros, os triconodontes e os multituberculados.

O fim do Cretáceo marcou uma época de crise para a vida, tal como no fim da era Paleozoica. Um intenso vulcanism iniciou-se, levando a um aquecimento global. As árvores com flores e frutos - angiospermas - diminuíram em 90%, levando a um decréscimo, talvez na mesma proporção, dos dinossauros. Outros grupos de animais decresceram gradualmente e os dinossauros e os répteis voadores extinguiram-se abruptamente no fim do período, devido ao impacto do asteroide na península do Yucatán, no Golfo do México. Essa extinção em massa atingiu também os mamíferos triconodontes e as aves com dentes. Mas as tartarugas, crocodilos e até sapos e salamandras sobreviveram ao impacto. A temperatura, que era a maior desde a grande extinção (5 a 10º C maior que hoje), cai vertiginosamente devido à poeira levantada que encobria o Sol. Ao mesmo tempo ciclos de gigantescas inundações e secas alternaram-se no período, cadeias de montanhas surgiram assim como a secura que predominou no globo.

Era Cenozóica

Era geológica que compreende os períodos Terciário e Quaternário. Nela, a fauna e a flora adquiriram suas formas atuais. Iniciada há aproximadamente 66,4 milhões de anos, estende-se até a atualidade. Nos últimos 50 milhões de anos todos as oscilações da temperatura tiveram como origem a posição do Sol em relação à Terra, devido à mudança no eixo de inclinação desta em relação àquele. Ou seja, as glaciações ocorridas tiveram lugar devido às alterações periódicas dessa posição relativa, que varia a cada 41.000 anos. Há 3,6 milhões de anos o gelo cresceu no norte e o planeta ficou mais frio. A África secou desaparecendo assim as matas onde viviam os hominídeos, fazendo surgir o género Homo adaptado a caminhar nos campos. Há 900 mil anos, o atual padrão de glaciações, de 100 mil anos de duração com intervalos de 8 a 40 mil anos, estabeleceu-se.

Período Terciário: primeiro dos dois períodos da era Cenozoica. Iniciado há 66,4 milhões de anos, abrange cerca de 65 milhões de anos. Foi a época em que surgiram as montanhas e durante o qual a face do planeta assumiu a sua forma atual. Os movimentos sísmicos, então registrados, provocaram o surgimento das grandes cadeias de montanhas que conhecemos hoje, tais como, os Andes, os Alpes, os Himalaias e a cadeia de vulcões localizada na região ocidental da América do Norte.

Período Quaternário: último período da era Cenozoica, marcado pelo aparecimento do homem. Também chamado Antropozoico, abrange cerca de 1,6 milhão de anos. Foram registradas 5 glaciações sucessivas e 4 recuos da camada de gelo, que duraram ao todo cerca de 2 milhões de anos, com a última iniciando-se há 22 mil anos (no seu auge, há 18 mil anos, o gelo chegava à Inglaterra) e terminando há 10 mil anos atrás. Isso afectou excessivamente o desenvolvimento da fauna e da flora no hemisfério norte. Como as outras espécies, os primeiros humanos deslocaram-se em consequência das glaciações, mas, ao contrário de algumas delas, adaptaram-se às mudanças e sobreviveram ao que se conhece como a grande idade do gelo. Achava-se que esses primeiros imigrantes humanos a saírem da África fossem os Homo Eretos.

Tudo é evolução... ás vezes observamos as catástrofes e culpamos o homem (e não estou aqui  tirando sua culpa pelos grandes ‘estragos’ que ele vem cometendo em nome do progresso), mas temos que convir que a natureza também tem seu ritmo e seu ciclo. Há quem diga que nesse momento da vida planetária, deveríamos estar vivendo uma Era Glacial... (?)

ENEM - Estrutura Geológica do Brasil

Fonte: http://marcosbau.com.br/geobrasil-2/estrutura-geologica-do-brasil/

Textos relacionados GeoGeral: Tectônica das placas e Estrutura da Terra e vulcões

Texto relacionado GeoBrasil: Relevo Brasileiro

A crosta terrestre é também chamada litosfera (profundidade de 70km nas partes mais espessas e 5 km nas menos espessas). Corresponde à camada mais rígida da Terra, sustentada por uma grande variedade de tipos de rochas de diferentes formações e idades. Para o homem, essa camada é extremamente importante, pois além de funcionar como piso do estrato geográfico é nela que se encontram os recursos minerais, grande parte dos recursos energéticos e os nutrientes minerais necessários para desencadear o ciclo de vida dos vegetais e, consequentemente, dos animais.

Este artigo atende aos fins de leitura e pesquisa e pertence ao blog GeoBau (http://www.marcosbau.com.br). Proibida a reprodução pelo Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610/98 de Direitos Autorais. PLÁGIO É CRIME. DENUNCIE. 

Estrutura Geológica ou Macroformas Estruturais

É o conjunto de diferentes rochas de um lugar e se divide em três tipos básicos:

  • Escudos Cristalinos ou Núcleos Cratônicos

São rochas magmáticas muito antigas, das eras Pré-Cambriana e Paleozóica (entre 900 milhões e 4,5 bilhões de anos – veja tabela geológica na figura que segue). Sofreram forte processo erosivo, apresentando-se desgastadas e com baixas altitudes (também são os mais estáveis do ponto de vista tectônico). Ex: Escudos das Guianas, Brasileiro, Canadense, Siberiano e o Guineriano.

  • Bacias Sedimentares

Com o passar das eras, os escudos cristalinos foram atacados por processos erosivos e, sendo assim, sedimentos foram transportados e acumulados em depressões existentes nas superfícies dos escudos (bacias). Temos bacias originárias das eras Paleozóica, Mezozóica e Cenozóica (situe tais eras na figura que segue).

Escala geológica do tempo. Clique na imagem para uma melhor visualização em outra aba/janela.

As bacias sedimentares recobrem parcialmente as áreas cratônicas ou de plataformas, ocupando 75% da superfície emersa da Terra, embora em volume as rochas sedimentares sejam bem menos representativas do que as ígneas e metamórficas.

Representação do cráton, escudo e plataforma coberta em recorte no território brasileiro. Fonte: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. São Paulo: Moderna, 2004, p. 331.

  • Faixas Orogênicas ou Dobramentos (veja figura que segue)

A crosta terrestre sofreu, ao longo da história da Terra, movimentos produzidos por forças internas (chamados orogenéticos), que deram origem a cadeias de montanhas. São áreas de complexidade rochosa e estrutural, geradas pelos dobramentos acompanhados de intrusões, vulcanismo, abalos sísmicos e falhamentos. Correspondem aos terrenos mais instáveis, nos quais prevalece forte atividade tectônica. As cadeias orogênicas encontram-se preferencialmente nas bordas dos continentes, nos limites com os oceanos Pacífico e Índico e no mar Mediterrâneo.

Fonte da figura: TERRA, Lygia; COELHO, Marcos Amorim. Geografia geral: o espaço natural e socioeconomico. São Paulo: Moderna, 2005, p. 176.

Os dobramentos são divididos em antigos e recentes. Os primeiros datam do Pré-Cambriano no chamado ciclo brasiliano (entre 610 e 650 milhões de anos atrás) que formou a maior parte dos planaltos brasileiros, como as serras do Mar e Mantiqueira e planaltos residuais amazônicos e das Guianas. O segundo tipo citado (recentes) se formou na na Era Terciária e deram origem às mais altas cadeias de montanhas da terra – Himalaia, Alpes, Pireneus, Andes e Rochosas.

Processos Endógenos Ativos

Os fenômenos provocados pela força endógena ativa são extremamente interdependentes, e quando ocorre a manifestação de um deles todos os demais estão ocorrendo também. Ex: O processo de orogenia andina iniciou-se no Mesosoico e prolongou-se até o Cenozoico; durante este último ocorreu a epirogenia do continente sul-americano. Acompanhando esses movimentos ocorreram, por exemplo, falhamentos como os que geraram a escarpa da serra do Mar, a serra da Mantiqueira, o Graben (parte mais baixa – veja as duas figuras que seguem) do médio vale do Paraíba, no Sudeste do Brasil, e o vulcanismo e as intrusões no litoral do Pacífico (região do cinturão do fogo).

serra do mar com cuesta

Foto de satélite mostrando a escarpa da Serra do Mar (voltada para a baixada litorânea) que certifica o falhamento através de movimento epirogenético. Fonte da figura: Turmalina, USP.

Observe que antes dos movimentos epirogenéticos acontecidos nas serras do Mar e Mantiqueira aconteceram movimentos orogenéticos há aproximadamente 550 milhões de anos antes da epirogênese. Portanto nesse caso tanto a orogênese pré-cambriana (antiga) quanto a epirogênese mais recente (desde o cretáceo da era mesozoica há 70 milhões de anos até o terciário e quaternário da era cenozoica) contribuíram para a formação dos dois planaltos citados.

Dos movimentos que deslocam e deformam as rochas, denominados de tectonismo. Além dos orogenéticos, já citados, que resultam na formação de montanhas, temos os movimentos epirogenéticos que ocorrem em áreas geologicamente mais estáveis e significam o soerguimento ou rebaixamento da crosta criando falhas (veja figura que segue) e provocando o fenômeno das transgressões e regressões marinhas.

Foto da falha de SanAndreas na Califórnia, EUA. Fonte das figuras: TERRA, Lygia; COELHO, Marcos Amorim. Geografia geral: o espaço natural e socioeconomico. São Paulo: Moderna, 2005, p. 175.

8 segundos de um Plano de falha tectônica em movimento.

Os processos de geração das cadeias orogênicas sempre ocorrem na superfície terrestre, à semelhança do que acontece com a formação de bacias sedimentares. As sucessivas movimentações das placas tectônicas, ciclos erosivos pelos quais a crosta terrestre passou ao longo de sua história, fizeram surgir e desaparecer bacias sedimentares e cadeias montanhosas e até mesmo mudar a configuração geográfica dos continentes e oceanos. No Brasil, há registros da existência de antigas bacias sedimentares pré-cambrianas, que encobriam parcialmente as áreas cratônicas, e de cadeias orogênicas antigas (Pré-Cambriano), como o cinturão orogênico do Atlântico – Planalto Atlântico), englobando a serra do Espinhaço, em Minas Gerais; o cinturão orogênico de Brasília (Goiás-Minas) e o cinturão orogênico Paraguai-Araguaia (Mato Grosso-Goiás). Nesses cinturões orogênicos, o relevo brasileiro é serrano, de grande complexidade litológica e estrutural.

Além da orogênese e epirogênese, o vulcanismo também é um movimento interno acontece nos limites das placas tectônicas (80% dos vulcões estão situados no círculo do fogo do Pacífico que vai desde a Cordilheira dos Andes até as Filipinas, passando pelas costas ocidentais da América do Norte e Japão), assim como os abalos sísmicos (terremotos e maremotos ou tsunamis) que também acontecem no encontro das placas e em limites de placas denominados transformantes, conservativos ou tangenciais.

Atividade Vulcânica no Brasil

O Brasil não possui nenhum vulcão hoje. Mas isso não quer dizer que nunca tivemos nossas montanhas de fogo. Nosso vulcão mais antigo já descoberto soltava lava na Amazônia há 1,9 bilhão de anos (onde hoje é a Serra do Cachimbo no sudoeste do Estado do Pará, entre os rios Tapajós e Jamanxim). Os vestígios da atividade vulcânica na Amazônia (hoje cobertos por sedimentos posteriores) deixaram vestígios até a serra de Roraima. Bem depois disso, cerca de 150 milhões de anos atrás (período Jurássico da era Mesozoica), havia na América do Sul uma grande fissura que atingia livremente a superfície da crosta e ia do estado de Mato Grosso até a Argentina na região em que atualmente corre o rio Paraná (a atual bacia do Paraná teve 1 milhão de km² cobertos por rochas efusivas basálticas).

Rochas efusivas basálticas em Torres/RS (tais falésias basálticas são muito presentes na costa do Rio Grande Do Sul), onde a espessura pode chegar a mais de 1.000 metros devido aos sucessivos derrames mesozoicos de lava. Fonte da foto: Baixaqui.

Da enorme rachadura que hoje é o Rio Paraná, escorreu uma quantidade de lava que se acumulou da cidade de Santos (SP) em direção sul até a Argentina, e a oeste até a cordilheira dos Andes, na maior atividade vulcânica do planeta na época. Outro exemplo curioso é o da cidade de Poços de Caldas (MG), que está situada na cratera de um vulcão extinto de 30km de diâmetro. A atividade vulcânica mais ativa no Brasil da era Mesozoica aconteceu em Poços de Caldas e Araxá (MG), Jacupiranga, Ipanema e São Sebastião (SP), Mendanha, Tinguá, Itatiaia e Cabo Frio (RJ), Iporá (GO) e Lajes (SC). A desagregação pelo intemperismo da rocha basáltica resultante desse derramamento de lava formou o solo composto de terra roxa, o mais fértil do Brasil.

Portanto, entende-se que a atividade vulcânica no Brasil teve origem diferente da atividade vulcânica atual, pois a quantidade gigantesca de magma gerou basaltos muito homogêneos  sem formação de material piroclástico a partir de fendas de grande profundidade (geóclases), de forma que a zona magmática profunda (composta de silício e magnésio – sima) se comunica com o exterior (similar ao que acontece no Havaí: arquipélago situado no centro de uma placa, com grande atividade vulcânica por fendas na crosta em contato com o magma). Como consequência da abertura direta, a pressão do magma é aliviada diminuindo a viscosidade, a velocidade de escorrimento e a violência da erupção. A erupção em diversos lugares foi devido às forças de tensão que continuaram a agir causando outras fendas e renovando o processo de derramamento e solidificação magmática formando espessuras consideráveis.

Foto de satélite do Morro de São João: de formação rochosa originada de atividade magmática e similar a uma cratera vulcânica (formada pela chamada erosão diferencial) próxima a Rio das Ostras (balneário a 170 km do Rio de Janeiro) no Estado do RJ. Significa que houve vulcão na região, mas o mesmo foi eliminado. O derramamento de magma que explica a formação rochosa das atuais regiões Sul e Sudeste do Brasil (exemplo da foto) foi abordado no parágrafo anterior. Fonte da figura: http://zeca.astronomos.com.br/sci/crateras.htm Fonte do texto: http://wikimapia.org/1838513/pt/Formação-Vulcânica-ou-Morro-São-João-729m

A atividade vulcânica mais moderna (datada do período Terciário da Era Cenozoica) acontecida entre 35 milhões de anos até 1,7 milhões de anos explica, por exemplo, as formações vulcânicas das ilhas de Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo pertencentes ao Estado de Pernambuco (11,8 milhões de anos até 1,7 milhões de anos), Trindade e Martim Vaz no Espírito Santo (3,3 milhões de anos até 1,5 milhões de anos) e Abrolhos no Estado da Bahia (35 milhões de anos atrás).

Abrolhos. Rocha basáltica-alcalina que sofreu erosão diferencial. As partes externas do aparelho vulcânico foram destruídas pela erosão.

Morfologia do arquipélago de São Pedro e São Paulo. Derramamento magmático por fendas/fissuras na crosta e posterior formação basáltica no final do Plioceno dentro do período terciário da era Cenozoica. Fonte da Figura: Wikimédia Commons.

A Estrutura Geológica Brasileira

A estrutura geológica das terras emersas brasileiras é constituída por bacias sedimentares (64%) e escudos cristalinos ou crátons (36%), tectonicamente estáveis. Por se encontrar no meio da placa tectônica Sul-americana, o Brasil não possui dobramentos modernos. Os escudos cristalinos formaram-se na era Pré-Cambriana (Arqueozoico-Proterozoico); são, portanto, antigos e apresentam altitudes modestas. Embora as rochas que constituem os escudos ou cinturões orogênicos sejam muito antigas (datadas do Pré-Cambriano entre 2 e 4,5 bilhões de anos), suas bacias sedimentares são o resultado de deposição mais recente (era Mesozoica há 81 milhões de anos), com exceção da Amazônica sedimentada no Terciário e do Pantanal no quaternário. Na era Cenozoica (período Terciário, 8,5 milhões de anos) pela ação da epirogênese – movimentação tectônica com lento soerguimento e rebaixamento de grandes áreas da crosta -, o continente sul-americano sofreu soerguimentos desiguais em seu território permitindo que as bacias sedimentares brasileiras ficassem em níveis altimétricos elevados. Seu modelado de formas arredondadas (serras do Mar e da Mantiqueira) resulta do intemperismo e da erosão que se sucederam por diferentes tipos de climas em períodos da história geológica da terra. Para situar as eras citadas nesse parágrafo volte à figura anterior de escala geológica de tempo, 1ª figura desse post.

Províncias Estruturais Brasileiras (clique na imagem para melhor visualização em outra janela/aba). No interior dos escudos cristalinos brasileiros é possível distinguir núcleos estruturados no Arqueozóico, que não sofreram tectonismo orogênico desde o final dessa era, há cerca de 2,5 bilhões de anos. Os núcleos arqueozoicos, dominados por massas rochosas mais antigas, são chamados áreas cratônicas ou simplesmente crátons (estruturas geológicas bastante antigas, datadas da era/éon Pré-Cambriana, formadas por rochas magmáticas e metamórficas). No embasamento cristalino brasileiro, as províncias estruturais Guiana Meridional, Xingu e São Francisco são identificadas como crátons. Fonte: TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 2009, p. 150, 151.

As principais províncias de minerais metálicos no Brasil (Quadrilátero Ferrífero, Carajás, Vale do Trombetas e Maciço do Urucum – veja post aqui) formaram-se nos crátons da era Pré-Cambriana e sua maior parte no período proterozoico que ocupa 4% do território (32% data do período arqueozoico). Mais de 90% das reservas petrolíferas datam das eras mesozoica e cenozoica e o carvão mineral da era paleozoica (período carbonífero).

As linhas em preto no mapa significam falhas que são suscetíveis a tremores de terra devido à diferenças de densidade entre rochas que fazem parte da mesma placa tectônica. No Brasil, apesar do território estar na parte centro-oriental da placa tectônica Sul-Americana e não estar sujeito a grandes terremotos, os tremores de terra de pequena magnitude (entre 3 e 5 graus na escala Richter) acontecem exatamente nessas falhas geológicas. Clique e veja reportagens de tremores acontecidos no Brasil em janeiro e outubro de 2010 (fonte das reportagens: portal G1).

A figura que segue auxilia na demonstração da convergência da Placa de Nazca com a Placa Sul-Americana (formação da Cordilheira dos Andes) e divergência entre as Placas Americana e Africana (explicação da separação de placas na deriva continental). O Brasil está situado na chave que indica a margem passiva, corroborando o que foi dito no parágrafo anterior quanto ao Brasil possuir certa estabilidade tectônica por estar na parte centro-oriental da Placa Sul-Americana.

Fonte: TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 2009, p. 150.

Referências

ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. São Paulo: Moderna, 2004.

LEINZ, Victor; AMARAL, Sérgio Estanislau do. Geologia Geral. 11.ed. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1989.

ROSS, Jurandir Luciano Sanches. Fundamentos da geografia da natureza. In: ROSS, Jurandir Luciano Sanches (org).  Geografia do Brasil. 5.ed. São Paulo: Edusp, 2005.

TERRA, Lygia; COELHO, Marcos Amorim. Geografia geral: o espaço natural e socioeconomico. São Paulo: Moderna, 2005.

TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 200

sexta-feira, 13 de março de 2015

Como ativar a função de chamada no WhatsApp para fazer ligações grátis?

Como ativar a função de chamada no WhatsApp para fazer ligações grátis?

por Carol Danelli
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Depois de muitos rumores, o WhatsApp finalmente recebeu a opção de realizar chamadas de voz grátis, sem precisar do intermédio de uma operadora para realizar o serviço. O recurso, que ainda está em fase de testes, por enquanto só chegou para o Android e na versão web. Veja a seguir como configurar o seu smart para fazer chamadas grátis pelo mensageiro.

Veja 5 apps Android para melhorar o WhatsApp e ‘turbinar’ o mensageiro

Como ligar para alguém de graça pelo WhatsApp? (Foto: Carol Danelli/TechTudo)Como ligar para alguém de graça pelo WhatsApp? (Foto: Carol Danelli/TechTudo)

Passo 1. Vá em Segurança nas configurações do celular e ative a opção "Fontes desconhecidas". Baixe a atualização em APK para o seu Android;

Baixe a atualização em APK do aplicativo para Android (Foto: Reprodução/Carol Danelli)Baixe a atualização em APK do aplicativo para Android (Foto: Reprodução/Carol Danelli)

Passo 2. Quando o download concluir, clique em Todas e instale;

Após o download, instale a atualização no seu Android (Foto: Reprodução/Carol Danelli)Após o download, instale a atualização no seu Android (Foto: Reprodução/Carol Danelli)

Passo 3. Peça para algum amigo te ligar pelo WhatsApp, pois a nova função só irá funcionar após essa primeira ligação.

Para que a função seja ativada, é necessário receber uma ligação de um contato (Foto: Reprodução/Carol Danelli)Para que a função seja ativada, é necessário receber uma ligação de um contato (Foto: Reprodução/Carol Danelli)

Pronto! Você já pode ligar a partir do seu WhatsApp.

Com a função ativada após a ligação, é só escolher um contato e ligar  (Foto: Reprodução/Carol Danelli)Com a função ativada após a ligação, é só escolher um contato e ligar (Foto: Reprodução/Carol Danelli)

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Fonte: http://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2015/03/como-ativar-ligacao-pelo-whatsapp.html

terça-feira, 10 de março de 2015

Tratado de Petrópolis–A questão do ACRE!!!

 

Fonte : http://www.infoescola.com/historia/tratado-de-petropolis/

Por Por Emerson Santiago

Recebe o nome de Tratado de Petrópolis o documento firmado entre a Bolívia e o Brasil a 17 de novembro de 1903. Assinado naquela cidade do estado do Rio de Janeiro, este tratado tornou oficial a anexação do atual estado do Acre ao território brasileiro.

Surgimento da questão

Desde a segunda metade do século XIX, alguns brasileiros, sobretudo nordestinos fustigados por sucessivas secas em suas áreas instalam-se na bacia do rio Acre, para se dedicar à atividade extrativista (leia-se extração do látex, matéria-prima da borracha, obtido das seringueiras, árvores nativas do lugar). Sem conhecer ou se importar com títulos de propriedade, estes migrantes começam a ocupar as terras, cuja maior parte pertencia à Bolívia. As fronteiras permaneciam inexatas, apesar de estabelecidas reiteradas vezes por tratados internacionais.

A Bolívia, no entanto, jamais exercera ali sua soberania. A área entre os rios Javari e Madeira constava nos mapas locais como “tierras non descubiertas”. Habitando em sua grande parte os altiplanos, os bolivianos não se mostravam aptos ou mesmo interessados em tomar posse daquela isolada região de planície. Como consequencia, as incursões populacionais nessas áreas não preocupavam os países vizinhos. Este era o cenário na região enquanto a borracha era apenas um item exótico das exportações amazônicas.

A riqueza da borracha

No entanto, as mudanças trazidas pela Revolução Industrial fizeram com que a região do Acre atraísse a atenção de governos e particulares. Mais precisamente, a borracha começou a ser empregada em larga escala na indústria, principalmente na fabricação de pneus de veículos, motocicletas e bicicletas, uma prática viabilizada pelo processo de vulcanização inventado por Charles Goodyear em 1839. Desse modo, torna-se inevitável uma corrida ao chamado “ouro negro” da Amazônia, já valorizado graças ao incremento da produção de calçados e das exigências do maquinário empregado no processo de industrialização em si.

A reação boliviana

Assim, em 1898, as autoridades bolivianas deixam de lado a indiferença em relação à ocupação brasileira da fronteira. O que antes eram “simples escaramuças locais” envolvendo seringueiros brasileiros e vizinhos bolivianos toma a forma de conflito internacional.

Em 1899 os bolivianos fundam Puerto Alonso, nome dado em homenagem ao então Presidente Severo Fernandes Alonso. O governo brasileiro não se manifesta, buscando uma posição inerte em relação à questão. Naquele momento, predominava o entendimento vindo do Tratado de Ayacucho, de 1867, onde Brasil e Bolívia entendiam que o Acre era território boliviano. A falta de reação brasileira era interpretada por seringalistas e seringueiros como a oficialização da soberania estrangeira na região, alimentando a primeira insurreição acreana. Em 1º de maio de 1899, cerca de quinze mil brasileiros, a maioria residentes na região, sob o comando do advogado José Carvalho e com o apoio do governo do Estado do Amazonas, levantaram-se contra os bolivianos.

Os seringueiros se revoltam

A segunda insurreição deu-se em 14 de julho de 1899, chefiada pelo jornalista espanhol Luiz Galvez Rodrigues de Arias. Em Puerto Alonso, já rebatizada Porto Acre, Galvez hasteia a bandeira acreana, proclamando a criação do Estado Independente do Acre. As autoridades federais brasileiras, ainda buscando preservar o conteúdo do Tratado de Ayacucho, interpretam o gesto como uma invasão territorial à Bolívia e enviam forças para desbaratar o Estado Independente. Assim, a 15 de março de 1900, o Brasil promove a transição política, passando o controle da região à Bolívia.

O Bolivian Syndicate

Aparentemente resolvida a questão, eis que vem à tona a existência de um acordo militar entre norte-americanos e bolivianos envolvendo a região, o que levantou preocupações do governo brasileiro. Em 1901, a Bolívia, presidida pelo General José Manuel Pando, estava ansiosa por se livrar dos problemas de administração das terras consideradas acreanas pelos brasileiros. Com isso, elas foram arrendadas a um sindicato de capitalistas majoritariamente norte-americanos e ingleses, o Bolivian Syndicate, que por trinta anos assumiria o controle total sobre a região, incluindo a movimentação alfandegária e militar.

Para o lado brasileiro, tal acordo significava uma ameaça às soberanias tanto da Bolívia quanto do Brasil. As tentativas diplomáticas do Brasil para conseguir a anulação do contrato provocaram a pronta reação das autoridades governamentais em Washington e Londres. Em resposta, o presidente Campos Sales decide fechar o rio Amazonas e seus afluentes à navegação, ignorando os protestos dos EUA, Grã-Bretanha, França e Alemanha.

O Barão do Rio Branco assume

Quando a controvérsia em torno do Bolivian Syndicate acirrou-se, surgiu na cena política a figura de José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco, que havia sido convidado pelo Presidente Rodrigues Alves a assumir a pasta do Ministério das Relações Exteriores e, de imediato estudar o tema delicado. Rio Branco decidiu interpretar o Tratado de 1867 ao pé da letra, e declarou o território do Acre litigioso com relação ao Brasil e ao Peru, com quem a Bolívia acabara de firmar um tratado para submetê-lo à arbitragem da Argentina.

Com o real intento de forçar a Bolívia a negociar, o Barão apresentou a proposta de permuta de territórios ou de compra do Acre pelo Brasil, que assumiria o compromisso de acertar-se com o Bolivian Syndicate. Ambas as propostas foram rechaçadas pela Bolívia, que se fiava no apoio norte-americano.

Brasileiros contra bolivianos

Enquanto isso, no Acre, o gaúcho Plácido de Castro inicia um movimento armado contra a Bolívia, pela posse da região.  As tropas bolivianas são derrotadas, e é proclamada, pela terceira e última vez, o Estado Independente do Acre, o que soluciona militarmente o litígio. O presidente boliviano, General Pando, percebendo que não poderia manter o controle sobre o Acre, busca finalmente o entendimento diplomático. Em 21 de março de 1903, ele concordou com a ocupação e administração brasileira na região até a conclusão dos termos do acordo que culminaria com o Tratado de Petrópolis, assinado meses depois.

O tratado

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Por esse instrumento, ficou acordado que a Bolívia receberia compensações territoriais em vários pontos da fronteira com o Brasil. O governo brasileiro se comprometeria a construir a Estrada de ferro Madeira-Mamoré, e preservaria a liberdade de trânsito pela ferrovia e pelos rios até o oceano Atlântico, facilitando o escoamento das exportações bolivianas. Como não havia equivalência entre as áreas permutadas, estabeleceu-se, ainda, uma indenização de dois milhões de libras esterlinas, a ser paga pelo Brasil em duas parcelas.

A Bolívia cederia a parte meridional do Acre, reconhecidamente boliviana, mas povoada por brasileiros, e desistiria da reclamação da outra parte do território mais ao norte, também ocupada só por brasileiros. O Bolivian Syndicate aceitou a rescisão contratual mediante uma compensação financeira de 114.000,00 libras esterlinas, em distrato assinado em 26 de fevereiro de 1903.

O Tratado de Petrópolis praticamente selou o destino do Acre, que até hoje permanece como integrante da federação brasileira de modo praticamente incontroverso. O Peru seguiria mais alguns anos manifestando-se diplomaticamente por direitos na região, mas acabaria chegando a um acordo com as autoridades brasileiras.

Bibliografia:
LIMA E ALVES, Flávia. O Tratado de Petrópolis - Interiorização do conflito de fronteiras. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/22127-22128-1-PB.pdf >
Mapa: http://jchistorybrasil.webnode.com.br/album/galeria-de-fotos-primeira-republica-ou-republica-oligarquica-1889-1930-/quest%C3%A3o%20do%20acre-png/

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